quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A Revolução Copernicana, o a priori e a experiência em Kant - Texto para a disciplina de TÓPICOS ESPECIAIS EM IDEALISMO ALEMÃO - RUBENS GODOY SAMPAIO



A Revolução Copernicana, o a priori  e a experiência em Kant



UFMG
Belo Horizonte - 1995






Universidade Federal de Minas Gerais
Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas
Departamento de Pós-graduação em Filosofia
Linha de Pesquisa: Filosofia Social e Política
Disciplina: (Fil 837) - T. E. em Idealismo Alemão
(Leitura comentada de textos selecionados
da Crítica da Razão Pura)
Professor: Dr. José Henrique dos Santos
Aluno: Rubens Godoy Sampaio
Belo Horizonte, Junho de 1995
NOTA:  100


Sumário
Introdução
Parte I
1. A Revolução Copernicana
   1.1. Do Geocentrismo ao Heliocentrismo
   1.2. Da ciência teórica às “artes” (à técnica);
                   Da
 qeoriva à poivhsi".
                  
O nascimento da física matemática
2. O Infinitésimo

Parte II
1. A priori
2. A experiência
3. O princípio de grandeza intensiva

Conclusão
Bibliografia
Remissivo
Anexos



Introdução
O autor  deste texto não transita com facilidade no interior do pensamento crítico. Sua inserção no mundo da Filosofia não ocorreu senão há 3 anos. E, não obstante a competência e a clareza do professor, o caminho percorrido  para a compreensão do tema tratado em aula, bem como para a ulterior redação deste texto foi um tanto árduo para aquele que ainda está se introduzindo neste vasto universo da Filosofia.

O autor não poderia pretender elaborar algo além de sua capacidade e competência. Assim sendo buscou, com este trabalho, realizar uma síntese de 3 tópicos presentes sobretudo na 1ª metade do curso: a Revolução Copernicana, o a priori e a experiência. E antes de concluir o trabalho serão desenvolvidas  algumas linhas a respeito do princípio da grandeza intensiva.

O trabalho divide-se em duas partes. Na 1ª há um destaque maior à Revolução Copernicana e um pequeno texto sobre o Infinitésimo.  A 2ª parte é o lugar do desenvolvimento dos problemas estritamente kantianos.

A pesquisa foi orientada pela tese de Cohen que busca mostrar a estreita ligação entre Filosofia Transcendental e as ciências, explicando como a  crítica da razão  era unicamente (...) a teoria da experiência[RESLOY1] [1].

No entanto, a impossibilidade do acesso ao Kants Theorie der Erfahrung fez com que o trabalho se realizasse sobretudo a partir da leitura de L’Œuvre de Kant (A. Philonenko - Tome I) e  L’Héritage Kantien et la Revolution Copernicienne (J. Vuillemin - Partie II).

Seguem em anexo alguns esquemas construídos a partir da leitura de alguns dos textos lidos em sala de aula.


PARTE I
1. A Revolução Copernicana

 1.1. Do Geocentrismo ao Heliocentrismo

Até 1543, ano  da publicação do De Revolutionibus orbium caelestium do cônego polonês Nicolau Copérnico (1473-1543), a astronomia estava fundada na Composição Matemática também chamada Grande Sintaxe, ou ainda o Almagesto do alexandrino Ptolomeu (II d.C.), cuja engenhosidade conseguiu estabelecer, sobre uma hipótese falsa, uma notável interpretação dos acontecimentos celestes.
No sistema ptolomaico a Terra era imóvel, e as órbitas do Sol e dos planetas, em torno da Terra, eram circulares, sendo que o centro destas órbitas eram pontos vizinhos à Terra e diferentes para cada um dos astros. Os planetas não caminhavam sobre suas respectivas órbitas, mas descreviam um pequeno círculo (epiciclo) cujo centro repousava e se deslocava sobre a órbita principal.
Figura 1*




O Sol (S) desloca-se sobre um pequeno círculo (E) no sentido da seta. O centro  do círculo (E) percorre em um ano o círculo  (D) tendo por centro a Terra (T), no sentido indicado. Da combinação destes dois movimentos resulta um movimento aparente do Sol (S) em relação à Terra (T) sobre o círculo (A). O raio do círculo (A) é igual ao raio do círculo  (D), mas seu centro se encontra em (X). E a distância TX é igual ao raio do epiciclo (E).


Vários astrônomos perceberam as deficiências do sistema ptolomaico, entre eles Georges Peurbach (austríaco) e Jean Müller (de Königsberg). A leitura destes autores por Copérnico foi fundamental para a elaboração do seu novo sistema. Mas para Copérnico a leitura mais decisiva foi a dos antigos. Apollonius de Perga (II d.C.) apresentou-lhe um sistema misto tal qual Tycho Brahé (1546-1601) construiria mais tarde (Figura 2). E no Arenário de Arquimedes (287-212a.C.), Copérnico encontrou a seguinte idéia de Aristarco de Samos (280 a.C.): o Sol está imóvel; a Terra e os outros planetas são redondos e giram em torno do Sol..
Figura 2

Também vale notar que a argumentação copernicana  repousa sobre afirmações não de ordem científica, mas místicas, que em síntese podem ser resumidas na seguinte proposição: o lugar mais nobre ao astro mais belo![2] Copérnico ainda mantém alguns epiciclos e outras complicações ptolomaicas. Todavia, o esforço maior foi realizado, o risco maior assumido e o Sol colocado no centro do universo!
Figura 3

1.2. Da ciência teórica às “artes” (à técnica); Da  qeoriva à poivhsi". O nascimento da física matemática.

A realização da  matematização da física também vai sendo  preparada por uma outra mudança de mentalidade no campo do conhecimento e da aplicação deste mesmo conhecimento.
Desde a Antiguidade é notório o desprezo pela técnica, pelo trabalho manual e artesanal. Um exemplo bastante eloquente  é o de Arquimedes. Ele não deixou escrita nenhuma obra a respeito da construção de suas máquinas de guerra, pois a ciência de inventar e construir máquinas era algo de natureza muito vil, baixa e mercenária.
Na passagem da Idade Média para a Modernidade ainda se  vê, de um lado uma ciência teórica que especula sobre a ordem da natureza (aristotelismo) e de outro lado uma ‘técnica’ (l’art em francês, a poivhsi"), ou ainda uma atividade realizada em laboratórios (alquimistas)[3]. Os intelectuais oficiais não têm laboratórios tal como os alquimistas, pois a tarefa destes é fabricar e o trabalho daqueles é contemplar. Em síntese, a técnica é inferior à ciência. A Idade Média guardou a distinção entre obras servis e obras liberais[4].
Esta mentalidade começou a se alterar com a matematização da astronomia. No entanto, Bacon (1561-1626) afirmara que a astronomia matemática era apenas um jogo ridículo sem relação alguma com a verdadeira física, pois a astronomia  matematizada nos fornece apenas a “casca” das coisas. Todavia, para Galileu e Descartes, o coração da ciência será engendrado justamente por isto que Bacon chamara de “casca”[5]. Segundo Descartes (1596-1650), a verdadeira explicação científica consiste em circunscrever a natureza  numa rede de símbolos matemáticos que consiga explicar tudo. Ou seja, o real, o verdadeiro será aquilo que for captado, apreendido pelas malhas da teoria construída. E assim a ciência vai adquirindo uma feição humana, pois ela não tem mais nada de metafísica, mas revela-se unicamente como uma obra humana. Simultaneamente a tais mudanças, vai ocorrendo o abandono do método da autoridade e surgindo uma nova definição de racional e de natureza[6].
Um grande impulso para o chamado “retorno a Arquimedes” é dado  pelos italianos, povo muito prático que nunca compreendeu o desprezo da Antiguidade pelas “artes”. Leonardo da Vinci (1452-1519) afirmará que conhecer é fabricar e com isto o trabalho de um engenheiro acabará por tornar-se uma obra científica. E finalmente Galileu Galilei rejeitará a identificação do real objetivo com a percepção sensível, apontando assim para o núcleo da física moderna: as qualidades são relativas aos sentidos e a  matéria para o cientista é quantitativa.
Em decorrência destes progressos bastante graduais, a distância entre ciência e técnica irá diminuindo sensivelmente de modo que a relação hodierna entre ambas apresenta-se ao homem contemporâneo como óbvia e necessária.
O desmoronamento gradual do preconceito relativo à técnica é concomitante ao  processo de gênese da física-matemática.
Segundo Lenoble[7] muitas descobertas nascem do encontro de duas idéias já conhecidas. Desde muito tempo já havia a tabela exata dos ângulos de incidência e dos ângulos de refração da luz. Ao mesmo tempo em que já se conhecia algo de trigonometria. A  lei da refração da luz só foi descoberta (ou criada!) quando se teve a idéia de comparar as  tabelas com aquilo que se sabia de trigonometria. E a história da física-matemática é semelhante a este fato do encontro de duas idéias.
Conhecia-se até então alguns fenômenos e um pouco de cálculo. A idéia de se ler os fenômenos com a linguagem dos cálculos foi a criadora da física-matemática. Tal idéia fervilha na cabeça de Galileu em 1590 e 30 anos mais tarde em Descartes[8].

Com o desenrolar da história da ciência duas tendências[9] vão se constituindo:
Figura 4
E assim a física-matemática vai sendo capaz de construir um mundo verdadeiramente real de dados quantitativos. É construído um mundo inteligível diferente do mundo das idéias da Antiguidade Clássica. Aos dados quantitativos aplica-se o instrumento  matemático da medida. Criam-se tabelas, escalas, unidades de medida, etc...[10].
Decorrentes dessas transformações na mentalidade científica e na ciência, duas  novas  noções emergem no interior do universo científico: 1. uma nova noção de objetividade e 2. outra noção de fenômeno.

A objetividade 

Conforme a física aristotélica as coisas são  como nós as percebemos. A física moderna irá rejeitar a física qualitativa aristotélica e estabelecerá que somente a construção racional possibilitará a objetividade verdadeira. A objetividade científica, portanto, referir-se-á unicamente, aos  estados da matéria, os quais são passíveis de mensuração de peso, temperatura, densidade[11]. A ciência, agora, garante o conhecimento certo e objetivo dos fenômenos através de uma rede de relações, ou de leis quantitativas.
“E assim, tanto hoje como no tempo de Platão e Aristóteles, fazer ciência consiste em inserir na carne flácida do dado sensível a armadura férrea de um esquema inteligível. A questão é saber o que se entende por inteligível”[12].

O Fenômeno

Partindo deste paradigma de objetividade o fenômeno passa a ser algo distinto da aparência sensível, e construído conforme as regras da ciência. O fenômeno torna-se o objeto próprio e específico das ciências e apenas a Metafísica  permitirá afirmar a equivalência, a conformidade do objeto da ciência com a realidade[13]. E neste momento toma força um certo desprezo pela Metafísica: “Preocupemo-nos com o fenômeno e deixemos o real de lado. O  real não é objeto do cientista”[14]. Daí em diante a verdade científica se definirá no plano do fenômeno como organizador das aparências por um sistema de leis. Ocorre, pois, desta forma, a renúncia ao conhecimento da “essência das coisas”, pois até então a verdade era inteligível quando ela revelava o em si de alguma coisa; e assim  a idéia platônica e a essência aristotélica retirava o homem do mundo das aparências e das sombras.
Portanto, a ciência acaba de “conquistar a noção de fenômeno no sentido preciso que este tomará em Kant[15].

2. O INFINITÉSIMO[16]

Antes de entrar na parte propriamente kantiana deste trabalho, são desenvolvidas algumas linhas a respeito do infinitésimo para que posteriormente se possa trabalhar com o princípio de grandeza intensiva.
O problema de Zenão é saber se o movimento é compreensível ou não, ou seja, se a explicação do movimento é compatível com a explicação racional dada ao universo pelo eleatismo. A resposta de Zenão é negativa. Ele argumenta pois, contra a consideração do movimento como uma sucessão de estados de um móvel. O eleata apresenta o movimento como algo incompreensível quer essa sucessão seja finita (exemplo da flecha), quer seja infinita (exemplo de Aquiles).
A argumentação de Zenão foi contundente. Não se conseguiu resolver o problema da incomensurabilidade do movimento e concluiu-se pela incapacidade numérica  para a solução de tal questão. A consequência disto foi a degradação  do número em relação à geometria.  Com isso excluiu-se o conceito quantitativo de infinito  dos racionais matemáticos. E assim sendo a 2ª consequência  foi o caráter finitista da  matemática grega, e o surgimento de uma espécie de horror ao infinito. Finalmente  houve  um abandono das concepções dinâmicas e a invasão de um horror ao movimento. Daí a noção aristotélica de que todos os corpos buscam seu lugar natural e que “todo movimento violento é como uma ferida que a natureza cicatriza o mais rápido possível”[17].
Sintetizando,  três são as consequências da dura argumentação eleática: a degradação do número, o desprezo do infinito e do movimento.
A solução do problema associa-se à percepção de que a reta não deve ser pensada como justaposição de pontos. Pois há, na reta, algo que  ultrapassa  uma simples coleção de pontos, a saber, a continuidade. Prescindir da continuidade ou considerar o movimento como uma sucessão de estados particulares implica no paradoxo de estudar o movimento por um método estático.
Os primeiros golpes à concepção finitista da mentalidade grega foram dados por Kepler e Galileu: “O círculo era a figura que convinha a uma tal concepção finitista - com efeito o movimento circular fecha-se sobre si mesmo, completa-se o plano em que ele se dá, pode rodar de qualquer ângulo sobre si mesmo sem que a trajetória circular se altere; era por isso considerado como o movimento perfeito, o movimento natural[18].

A 1ª lei de Kepler (órbitas elípticas)[19]deu o primeiro golpe “nesta supremacia do círculo (que a Revolução Copernicana deixara intacta) que assim se viu demitido da situação proeminente de lugar do movimento natural”. E o segundo golpe foi dado por Galileu com o “princípio de inércia, segundo o qual o lugar do movimento natural é a reta”[20]. Portanto, um percurso aberto e não fechado como no círculo.
Finalmente surge um novo conceito que dá conta da infinidade de estados possíveis entre dois estados quaisquer; de natureza a permitir o trabalho de estados determinados e com a infinidade das possibilidades entre dois estados. Tal conceito não é um número mas uma variável. A variável é e não-é cada um dos elementos do conjunto; ela é síntese entre ser e não-ser. Portanto, ela sai do quadro de idéias que vêem na realidade uma permanência e irrompe ligada à corrente de pensamento que, expressa ou tacitamente vê na fluência a 1ª de suas  características. Este instrumento vai ser aplicado ao estudo do que se passa num ponto em interdependência com outros pontos arbitrariamente próximos. Portanto essa variável deve ter no seu domínio números arbitrariamente pequenos em módulo: surge assim o conceito de infinitésimo[21].
Com o fim da supremacia do círculo (Kepler), com o princípio de inércia (Galileu) e com o cálculo infinitesimal (Leibniz/Newton), a modernidade supera as aporias herdadas da Antiguidade a respeito da degradação do número e do horror ao infinito e ao movimento.

PARTE II

O problema crítico consiste em explicitar a possibilidade da experiência, i.e., explicitar a essência universal do conhecimento como unidade das formas da sensibilidade e das formas categoriais. Ou seja, trata-se do problema  da Dedução Transcendental  que estabelece a significação das estruturas constituintes do a priori  metafísico. Ou ainda trata-se de saber como os julgamentos sintéticos a priori  são possíveis[22].
Para resolver tal questão Kant realiza sua Revolução Copernicana fazendo com que não seja mais o objeto que torne a representação possível e afirmando que é o objeto quem gira em torno do sujeito, ou seja, é a representação que possibilita o objeto.
E a compreensão da Revolução Copernicana em Kant está associada à compreensão de algumas noções centrais da Filosofia Transcendental. Entre elas a questão da “natureza” do a priori e a experiência. Trabalhar-se-á, brevemente, neste texto,  sobre estes dois aspectos e finalmente serão desenvolvidas algumas linhas a respeito do princípio de grandeza intensiva.

1. O A PRIORI

Durante o curso[23] percebeu-se que alguns alunos, inclusive o autor deste texto,  compreendia o a priori  como algo inato, algo como uma “fôrma”, uma “rede” através da qual tudo o que fosse apreendido pela sensibilidade adquiriria uma forma. Esta compreensão equivocada decorre de uma leitura de matiz não lógico-transcendental. Contudo, tanto o a priori  como o eu penso (a apercepção transcendental) não são realidades psicológicas, mas noções puramente lógicas cuja função é a de estabelecer sínteses. O a priori  não é algo que deva ser pensado como natural, inato, psicológico, real,  mas que deve ser pensado em analogia com as idéias matemáticas. Em outras palavras, o a priori  não tem realidade alguma. Na verdade ele é um tipo de relação lógica, sem o qual todo discurso  humano carece  de sentido. Ele tem valor independente de qualquer forma de existência. E mais. Mesmo sendo portador de necessidade e universalidade o a priori  enquanto relação lógica é algo apreendido.
A estrutura e o sentido  do conhecimento não é algo semelhante a um órgão, o que implicaria no fato de o a priori  ser algo inato. A assimilação do conhecimento a um órgão conduziria a uma concepção das formas puras do espaço-tempo como leis inatas[24].
Portanto, qualquer explicação mecanicista, psicologista, realista, inatista do a priori, implica numa noção diferente do a priori  kantiano que é estritamente lógico. Trata-se pois, de algo universal, necessário, matemático mas não ontológico.
Segundo Philonenko, na Dissertação de 1770, Kant ainda confunde idealidade transcendental com subjetividade[25], psicologia com epistemologia, inatismo com apriorismo. Para  demonstrar tal confusão Philonenko cita um trecho da Dissertação de 1770, referente ao espaço:
o espaço não é algo de “objetivo e real, nem uma substância, nem um acidente, nem uma relação; mas é subjetivo e ideal, fruto da natureza do espírito por uma lei fixa,  à maneira de um esquema destinado a coordenar absolutamente tudo o que é captado pelos sentidos”.
Com tal posicionamento, Kant afirma a subjetividade do espaço e do tempo como formas puras da sensibilidade. Mas ainda não teria alcançado o estatuto propriamente lógico das formas puras da sensibilidade; as quais ainda não estarão bem definidas sequer na 1ª edição da Crítica, mas somente na edição de 1787.[26]
A compreensão da natureza lógica do a priori  e da apercepção transcendental é absolutamente necessária pois o problema kantiano é o problema do método e compreender este método significa possuir a chave de leitura do criticismo[27].
A clareza a respeito do caráter lógico do a priori  é fundamental, pois, não se poderia abordar o problema do fundamento do conhecimento a partir de um psicologismo no qual a representação estivesse intrinsecamente relacionada com elementos lógicos da consciência. Tal fato interditaria  de antemão a possibilidade de se colocar o verdadeiro problema epistemológico, a saber, o problema da constituição das regras da experiência científica[28].
Um inatismo impediria a ciência de encontrar uma filosofia que fosse adequada às pretensões de regulação universal[29].
A única significação do a priori  metafísico refere-se à sua utilidade epistemológica. Esquecer isto implicaria num retorno inevitável da Metafísica à Psicologia, e portanto, não seria possível fundar a regra da objetividade.
Em última análise, Kant está buscando resolver o problema fundamental do Idealismo Alemão: como se pode passar da consciência de si à consciência do objeto? A resposta kantiana será: constituindo o objeto, construindo o real através  da ciência[30]. Possibilitando que o sujeito conhecedor reconheça no objeto conhecido apenas aquilo que no objeto foi introduzido previamente pelo próprio sujeito conhecedor. Assim o método transcendental não pressupunha e não podia pressupor a ciência como um fato, ou seja, o método transcendental não se interroga previamente sobre o fato do conhecimento científico e de seus objetos, mas, antes de tudo, põe a questão  sobre a possibilidade da ciência e mais especificamente da física-matemática.[31]
Não é pois, o objeto em si que importa, mas a forma de conhecê-lo:
“Chamo transcendental a todo conhecimento que em geral se ocupa menos dos objetos, que do nosso  modo de os conhecer, na medida em que este deve ser possível a priori[32].
Poder-se-á, portanto, conhecer a priori  as coisas da experiência externa apenas sob a condição de que, segundo o princípio da Revolução Copernicana, o conhecimento  preceda literalmente a experiência, ainda que esta anterioridade não tenha nada mais do que uma significação transcendental[33].
Em total oposição a esta concepção transcendental, lógica ou epistemológica do a priori, a Psicologia Racional “transforma a condição, o método supremo,  em um existente, em um ser, em uma coisa, e imagina separar legitimamente o eu penso  do conhecimento como totalidade e do qual o eu penso  é o princípio metódico”[34].
Trabalhou-se até aqui sobre a noção de a priori. O espaço[35] é a forma  a priori  do sentido externo. O tempo[36] a forma a priori  do sentido interno e as categorias são formas a priori  do pensamento. Posto isto, tem-se que a constituição categorial do tempo pela apercepção transcendental considerada como pura é que tornará possível a experiência[37], a qual será tratada a seguir.

2. A EXPERIÊNCIA

Neste momento explicita-se a pertinência da escolha destes aspectos do a priori  e da experiência como temas deste trabalho, pois, a passagem do inato ao a priori é  exigência decorrente de uma análise fundamental da experiência. Esta análise da experiência, além de exigir tal compreensão do a priori, obriga também a realização de uma investigação não psicológica, mas metafísica a respeito dos elementos que servirão,  não mais para descrever a origem, o futuro ou o ser da consciência, mas unicamente para explicitar a contribuição da consciência ao edifício do saber científico[38]
.
A grande tese de Kant é de que todo nosso conhecimento começa com a experiência[39].

A Crítica da Razão Pura é, pois, o desenvolvimento da essência do conhecimento na medida em que o objeto é  objeto no conhecimento.

A Crítica da Razão  Pura é, enquanto método transcendental,  uma descrição das estruturas aprióricas do conhecimento ou ainda a descrição  pura  da essência do conhecimento enquanto ela torna a experiência possível[40].

O fato da possibilidade da experiência é fundado na unidade das categorias e da intuição sensível. A experiência consiste em elevar os simples fenômenos ao nível de uma lei, a qual confere a autêntica realidade objetiva do objeto. E a esta realidade objetiva, à coisa cientificamente determinada opõe-se necessariamente a coisa em si ou incondicionada.

E as três fontes primitivas que circunscrevem as condições de possibilidade de toda  experiência e que não derivam de nenhum poder  do espírito são o sentido, a imaginação e a apercepção. Sobre estas três faculdades ou poderes do espírito fundam-se, respectivamente a sinopse do diverso, a síntese do diverso e a unidade desta síntese[41].

Na Analítica dos Princípios[42] Kant resume sua investigação sobre a essência da experiência no seguinte trecho da Crítica da Razão Pura:

“Deste modo são possíveis os juízos sintéticos  a priori, quando referimos as condições formais da intuição a priori, a síntese da imaginação e a  sua unidade necessária numa apercepção transcendental, a um conhecimento da experiência possível em geral e dizemos: as condições  da possibilidade da experiência em geral são, ao mesmo tempo, condições da  possibilidade dos objetos da experiência e têm, por isso, validade objetiva num juízo sintético a priori ”.

Na  PASSAGEM À DEDUÇÃO DAS CATEGORIAS Kant afirma que nada pode ser objeto da experiência sem a existência de “conceitos a priori  como condições pelas quais algo não é intuído, mas é pensado como objeto em geral”[43]. Pois, “toda a experiência contém  ainda, além da intuição dos sentidos, na qual algo é dado, um conceito de um objeto, que é dado na intuição  ou que aparece; há  pois, conceitos de objetos em geral que fundamentam todo o conhecimento de experiência, nas suas condições  a priori; consequentemente,  a validade das categorias como conceitos a priori, deverá assentar na circunstância de só elas possibilitarem a experiência (quanto à forma do pensamento)”[44].

Sendo assim, os objetos da experiência só poderão ser pensados por intermédio das categorias. Em função disto,  a dedução transcendental atingirá seu verdadeiro objetivo quando mostrar que as “condições subjetivas” do pensamento podem ter um valor objetivo. Feito isto, ultrapassar-se-á definitivamente a problemática do sujeito e do objeto na medida em que a “dedução transcendental mostra como as condições que permitem constituir em uma totalidade  as representações, são também as leis que permitem elevar os fenômenos à dignidade de objetos, fundando-os no conhecimento”[45].

A lei dos objetos são também as leis do conhecimento e pode-se dizer que a “essência do conhecimento é a essência do ser”[46].

Vê-se aqui o fulcro do Idealismo Transcendental: o sujeito constituindo o objeto  através da experiência.

“Parece,  na verdade, muito estranho e absurdo,  que a natureza se regule pelo nosso princípio subjetivo  da apercepção e mesmo deva depender dele, relativamente à sua conformidade às leis. Porém, se  pensarmos que essa natureza nada é em si senão um conjunto de fenômenos, por conseguinte, nenhuma coisa em si, mas simplesmente uma multidão de representações do espírito, não nos admiraremos de a ver, simplesmente na faculdade radical de todo o nosso conhecimento, a saber, na apercepção transcendental, naquela unidade, devido à qual unicamente pode ser chamada objeto de toda a experiência possível, isto é, uma natureza. Precisamente por isso podemos conhecer essa unidade a priori, portanto também como necessária”[47].

A partir desta noção de experiência há uma transformação da própria concepção de mundo. Pois o fundamento do saber não é mais um ser necessário, mas a própria possibilidade da experiência[48].

3. O PRINCÍPIO DE GRANDEZA INTENSIVA

Na esteira dos temas do a priori  e da experiência, seguem-se algumas linhas a respeito  do princípio de grandeza intensiva, pois o próprio Kant, no término do texto sobre as ANTECIPAÇÕES DA PERCEPÇÃO (B208-218), afirma ser
“digno de nota que, nas grandezas em geral, só possamos conhecer a priori  uma única qualidade, que  é a continuidade, enquanto  em toda qualidade (no real dos fenômenos) nada mais podemos conhecer a priori  a não ser a sua grandeza intensiva, o ter um grau; tudo o mais é da alçada da experiência[49].

Para Kant, em todos os fenômenos, o real, que é o objeto de sensação, tem uma grandeza intensiva, i.e., um grau.

E o exemplo dado por Philonenko, para tratar deste problema é o seguinte: tem-se um corpo caindo livremente; após alguns instantes já se pode obter a grandeza da queda medindo-se a extensão de espaço percorrido. No entanto, o movimento do corpo não ‘nasce’ exatamente no instante em que se o vê; ou seja, no instante em que se tem a sensação. Entre o momento do  repouso (=0) e o momento em que já se detecta uma velocidade em função do deslocamento do corpo no espaço, já se passou  toda uma série de acontecimentos que escapam à percepção: a velocidade do corpo que cai, passa por graus de velocidade. E tais graus constituem a origem do fenômeno percebido na sensação. Nada mais difícil de pensar do que esta origem do sensível[50].

É o “cálculo infinitesimal que nos revela este progresso desde o zero até a realidade, a gênese do objeto e gênese da sensação”.

Segundo Cohen[51] “o sentido da grandeza intensiva  é o seguinte: ela representa o fundamento da  grandeza extensiva, o qual é produzido a partir de si, de tal forma que nela o real pode ser fornecido à física com a armadura científica que realiza, em ligação interna com as pressuposições da mecânica, o cálculo infinitesimal”.

Cohen  ainda afirma que o princípio de grandeza intensiva é o fundamento da física-matemática, bem como constitui o coração do Idealismo Transcendental.

A realidade em Kant não se identifica com  a existência. Realidade significa o que pertence essencialmente aos fenômenos[52]. E a grandeza intensiva nos  permite perceber  esta essência que elucida a possibilidade da existência do fenômeno na sensação. “Atingir a realidade objetiva é perceber o que torna possível a existência como tal e a sua necessidade. E como a essência (a realidade das coisas) é a grandeza intensiva, deve-se dizer que a essência das coisas é matemática, que a qualidade é quantidade compreendida como continuidade”[53].

E porque a essência das coisas possui  graus, ela pode ser construída[54]. Enfim, a possibilidade de construir a essência das coisas, segundo as leis do conhecimento, explicita concretamente o princípio supremo da experiência possível.

A grandeza intensiva é a “essência do fenômeno”, bem como é um dos elementos fundamentais de um sistema da ciência[55].

O princípio de grandeza intensiva responde à questão da Lógica Transcendental, não só naquilo que permite pôr o objeto da experiência possível, mas também nos faz assistir à gênese deste objeto. O princípio de grandeza intensiva é a origem da objetividade[56].

CONCLUSÃO

Após a leitura da Crítica da Razão Pura, do texto de Philonenko, de Vuillemin e da assistência às aulas, a leitura do texto de Lenoble é profundamente iluminadora, pois se vai percebendo que os passos dados por Kant são análogos ao ocorrido  no processo histórico do desenvolvimento científico. Kant realiza a Revolução Copernicana, tematiza a possibilidade da física-matemática na Analítica Transcendental, cria uma noção de fenômeno, bem como interdita a Metafísica. Tais realizações encontradas todas na Crítica da Razão Pura são a conceptualização de séculos de história da ciência. Prova disto é a seguinte afirmação de Philonenko: “Kant conduziu sua investigação de tal modo que é possível dizer que ele determinou as categorias ou formas do entendimento que a física newtoniana exigia”[57]. Mesmo  suas categorias não foram deduzidas da lógica geral e formal. Mas seu ponto de partida foi  a reflexão  sobre a ciência. De modo que, longe de depender da lógica formal, a lógica transcendental a condiciona[58].

Devido à Revolução Copernicana, para Kant existe um primado do método. Mas método e existência são claramente definidos e distintos. Esta afirmação da primazia do método na constituição do conhecimento e dos objetos não interdita o reconhecimento dos ‘fatos’da realidade do mundo[59]. Pois Kant está propondo este seu método como condição de possibilidade da física-matemática. Ou seja, sua proposição é eminentemente epistemológica. Segundo Cohen, Philonenko (e os comentadores da escola de Marburgo) o pensamento transcendental se orienta em vista do estabelecimento de uma natureza e não do desvelamento do mundo (tal como querem Husserl e Heidegger). A Escola de  Marburgo interpreta Kant na perspectiva das ciências e busca na Crítica da Razão Pura um tratado do método e não uma ontologia. Na verdade, Kant realiza uma crítica transcendental à ontologia[60],  mostrando que a razão não podia ultrapassar a experiência.

Na Filosofia Clássica a idéia platônica e a forma aristotélica exaurem toda a objetividade  da realidade. O eido" possui toda a inteligibilidade dos seres. “A transcendência da Idéia platônica é tal que ela rouba ao mundo da experiência e à contingência mesma do ato de conhecimento toda intrínseca inteligibilidade”[61]. O real por excelência, o “real realíssimo”  é a idéia ou o conceito universal. Kant faz uma crítica contundente a este tipo de ontologia, pois, para Kant o real é construído, o sentido do humano é edificado pelo homem e este sentido será denominado propriamente como sendo o real.

O  real, em Kant,  corresponde às leis científicas que determinam os fenômenos e os transformam em objetos, i.e., em conhecimento. Portanto, “a questão da Metafísica deve abordar este real, ou seja, deve abordar o fato constituído da existência da ciência, da qual a possibilidade deve ser compreendida”[62].

A noção de objeto refere-se, portanto, ao ser enquanto percebido no conhecimento. Tal ser adquire uma existência intelectual infinita e  o problema do  objeto torna-se o problema da necessidade do pensamento, ou ainda, refere-se à questão de como uma ligação sintética consegue aumentar o saber científico[63].

Deste modo apenas aquilo que é percebido no conhecimento e  expresso em leis matemáticas é que receberá a dignidade de realidade objetiva[64].

Depois de ter justificado a ciência newtoniana e indicado como o entendimento não poderia conhecer senão nos limites determinados pelo esquematismo, Kant erige a Crítica da Razão Pura em tribunal que condena todas as pretensões ilegítimas da Metafísica[65]. E a  tarefa da Dialética Transcendental será mostrar como a razão ultrapassa os limites da experiência possível[66].


Bibliografia
HUSSERL, E. - L’Origine de la Géometrie, Paris, PUF, 1962, pp. 173-215 - Trad. et Introd. par Jacques Derrida, 220 pp.
KANT, I. - Crítica da Razão Pura, Lisboa, Ed. Calouste Gulbenkian, 3ª edição, 1994, trad. Manuela  Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão, 706 pp.
KUHN, T. S. - A Estrutura das Revoluções Científicas, Col. Debates - Ciência , São Paulo, Ed. Perspectiva, 1994, 257pp.
LENOBLE, R. -L’Origine de la Pensée Scientifique Moderne,  in Histoire de la Science - Encyclopédie de la Plêiade, Paris, 1957, Gallimard, pp. 369-534
NEWTON, I. - Princípios  Matemáticos de FilosofiaCol. Os Pensadores - XIX,  Abril, SP, 1ª ed., 1974
PHILONENKO, A.- L’Œuvre de Kant - La Philosophie Critique - Tome I -  La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure, Paris, J. Vrin, 1969 , 356 pp.
VUILLEMIN, J. - L’Héritage Kantien et la Revolution Copernicienne - Fichte - Cohen - Heidegger, (Deuxième Partie - Le Principe des Grandeurs Intensives - Herman Cohen - pp.132 - 208, Paris, PUF, 1954, 310 pp.
Apollonius of Perga - The New Encyclopædia Britanica, I, 1974, Micropædia, Ed. Willian Benton, 15th edition, p.448
A priori - par J.-M. Muglioni et M. Crampe-Casnabet, Encyclopédie Philosophique Universel, Paris, PUF, Dictionnaire I
Expérience, par H. Saget, Encyclopédie Philosophique Universel, Paris, PUF, Dictionnaire I, pp. 924-925;
Temps - Encyclopédie Universallis




Bibliografia Consultada

BRUNET, P. - La science dans l’Antiquité et le Moyen Age, in Histoire de la Science - Encyclopédie de la Plêiade, Paris, 1957, Gallimard, p. 272.
CARAÇA, B. de Jesus - Conceitos fundamentais de matemática, Lisboa, 1941, pp.179-227
DAUMAS, M. (org) - Histoire des Sciences, Encyclopédie de la Plêiade, Paris, Gallimard, 1957, 1910 pp.
DAUMAS, M. - Esquisse d’une Histoire de la Vie Scientifique, in Histoire de la Science - Encyclopédie de la Plêiade, Paris, 1957, Gallimard, pp. 1-192
DAUMAS, M. - Préface, in Histoire de la Science - Encyclopédie de la Plêiade, Paris, 1957, Gallimard, pp. VII- XLVIII.
LIMA VAZ, H. C. de, Ontologia e História, São Paulo, Duas Cidades, 1968, 340pp.
POPPER, K.R. - Conhecimento Objetivo - Uma Abordagem Evolucionária, B. Horizonte, Ed. USP/ Ed.Itatiaia, 1975, 108-179
POPPER, K.R. - Conjecturas e Refutações - Brasília, Ed. UNB, 1972, 125-146
SCHATZMAN, E. - La Astronomie de la Renaissance a nos Jours, in Histoire de la Science - Encyclopédie de la Plêiade, Paris, 1957, Gallimard, pp. 716-721.




Índice Remissivo e Onomástico


A
a priori..................................... 1; 3; 4; 11; 12; 13; 14; 15; 18
alquimistas........................................................................... 6
apercepção transcendental............................ 12; 13; 14; 15
Apollonius de Perga....................................................... 5; 10
apriorismo.......................................................................... 12
Aristarco de Samos.............................................................. 5
Aristóteles............................................................................ 8
Arquimedes.................................................................. 5; 6; 7
B
Bacon................................................................................... 6
C
categorias............................................................... 13; 14; 17
ciência................................ 3; 4; 6; 7; 8; 9; 12; 13; 16; 17; 18
Cohen......................................... 4; 11; 12; 13; 14; 16; 17; 18
consciência............................................................. 12; 13; 14
continuidade........................................................... 10; 15; 16
Copérnico..................................................................... 4; 5; 6
Crítica da Razão Pura................................... 2; 14; 16; 17; 18
criticismo............................................................................ 12
D
Descartes.......................................................................... 6; 7
Dialética Transcendental..................................................... 18
Dissertação de 1770.......................................................... 12
E
eleatismo.............................................................................. 9
epistemologia..................................................................... 12
epistemológico................................................................... 12
espaço.................................................................... 12; 13; 16
esquematismo..................................................................... 18
essência........................................................ 9; 11; 14; 15; 16
eu penso...................................................................... 12; 13
experiência................... 1; 3; 4; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18
F
fenômeno............................................. 7; 8; 9; 14; 15; 16; 17
física aristotélica................................................................... 8
física moderna.................................................................. 7; 8
física-matemática.................................... 3; 6; 7; 8; 13; 16; 17
G
Galileu.................................................................. 6; 7; 10; 11
Geocentrismo................................................................... 3; 4
geometria.............................................................................. 9
H
Heliocentrismo................................................................. 3; 4
I
Idealismo Alemão...................................................... 1; 2; 13
Idealismo Transcendental............................................. 15; 16
imaginação........................................................................ 14
inatismo.............................................................................. 12
inércia........................................................................... 10; 11
infinitésimo............................................................ 3; 4; 9; 11
infinito............................................................................ 9; 11
inteligível.......................................................................... 8; 9
intuição............................................................................... 14
J
juízo sintético a priori........................................................ 14
julgamentos sintéticos a priori........................................... 11
K
Kant.............................. 1; 4; 9; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18
Kepler........................................................................... 10; 11
L
lei................................................................. 7; 10; 12; 14; 15
Lenoble.......................................................................... 7; 16
Leonardo da Vinci................................................................ 7
ligação...................................................................... 4; 16; 17
lógica...................................................................... 12; 13; 17
M
Metafísica........................................................... 9; 13; 17; 18
método................................................... 7; 10; 12; 13; 14; 17
movimento..................................................... 5; 9; 10; 11; 16
N
natureza.......................................... 6; 7; 9; 10; 11; 12; 15; 17
número..................................................................... 9; 10; 11
O
objetividade.................................................... 8; 9; 13; 16; 17
objeto............................................... 9; 11; 13; 14; 15; 16; 17
ontologia............................................................................ 17
P
Philonenko................................................... 4; 12; 15; 16; 17
Platão................................................................................... 8
princípio de grandeza intensiva.................. 3; 4; 9; 11; 15; 16
psicologia........................................................................... 12
psicologismo...................................................................... 12
Ptolomeu.............................................................................. 4
R
real................................................. 7; 8; 9; 12; 13; 15; 16; 17
realidade................................................. 9; 10; 12; 14; 16; 17
Revolução Copernicana........................ 1; 3; 4; 10; 11; 13; 17
S
sensação....................................................................... 15; 16
sensibilidade................................................................. 11; 12
sentido............................................... 5; 9; 12; 13; 14; 16; 17
sinopse.............................................................................. 14
síntese............................................................ 4; 6; 10; 11; 14
sujeito..................................................................... 11; 13; 15
T
técnica.......................................................................... 3; 6; 7
tempo............................................................. 7; 8; 12; 13; 14
transcendental................................................... 12; 13; 14; 17
Tycho Brahé......................................................................... 5
U
unidade................................................................. 11; 14; 15
V
Vuillemin....................................................................... 4; 16
Z
Zenão................................................................................... 9





ANEXOS

O tamanho normal dos esquemas que se seguem é cerca de quatro a oito vezes maior. No entanto, para que pudessem ser anexados  a este trabalho foi preciso reduzi-los. Alguns dos esquemas, infelizmente, encontram-se com os caracteres muito pequenos. Contudo, apesar desta dificuldade, o autor achou por bem  adicioná-los ao trabalho.
1. Prefácio dos Principia
2. Escólio dos Principia
3. Esquema Geral da Crítica da Razão Pura
4. Espaço
5. Tempo
6. Introdução - Idéia de uma Lógica Transcendental
7. Dialética Transcendental



[1]. A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La Philosophie Critique - Tome I -  La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure, Paris, J. Vrin, 1969 , p. 11
* . BRUNET, P. - La science dans l’Antiquité et le Moyen Age, in Histoire de la Science - Encyclopédie de la Plêiade, Paris, 1957, Gallimard, p. 272.
[2]. SCHATZMAN, Evry- La Astronomie de la Renaissance a nos Jours, in Histoire de la Science - Encyclopédie de la Plêiade, Paris, 1957, Gallimard, pp. 716-721.
[3]. LENOBLE, R. -L’Origine de la Pensée Scientifique Moderne,  in Histoire de la Science - Encyclopédie de la Plêiade, Paris, 1957, Gallimard, pp. 376  e 424
[4]. ibidem, p. 376
[5]. ibidem, p. 443
[6]. ibidem, p. 483
[7]. ibidem, p. 485
[8]. Ofuscado pela luz de tamanha descoberta, Descartes pensava ser um “favorecido do céu”, e para agradecer tal “iluminação mística” foi em peregrinação a Notre Dame de Lorette para dar ação de graças por esta revelação.
[9]. ibidem, p. 491
[10]. Um exemplo interessante de convenção é a respeito do tempo. Um segundo corresponde a 9 192 631 770 períodos de radiação  produzidos pela transição entre dois níveis “hiper-finos” do estado fundamental do átomo de Césio 133.  Temps - Encyclopédie Universallis.
[11]. LENOBLE, R. -L’Origine de la Pensée Scientifique Moderne,  in Histoire de la Science - Encyclopédie de la Plêiade, Paris, 1957, Gallimard, p. 494
[12]. ibidem p. 495
[13]. ibidem p.499
[14]. ibidem p. 499
[15]. ibidem p. 500
[16]. JESUS CARAÇA, Bento de - Conceitos fundamentais de matemática, Lisboa, 1941, 318 pp.
[17]. LENOBLE, R. -L’Origine de la Pensée Scientifique Moderne,  in Histoire de la Science - Encyclopédie de la Plêiade, Paris, 1957, Gallimard, p. 385
[18]. JESUS CARAÇA, Bento de - Conceitos fundamentais de matemática, Lisboa, 1941, pp. 216-217
[19]. A idéia da trajetória elíptica dos planetas foi sugerida a Kepler pelo Tratado dos Cones de Apollonius de Perga. Ver Expérience, par H. Saget, Encyclopédie Philosophique Universel, Paris, PUF, Dictionnaire I, pp. 924-925; Apollonius of Perga - The New Encyclopædia Britanica, I, 1974, Micropædia, Ed. Willian Benton, 15th edition, p.448

[20]. JESUS CARAÇA, Bento de - Conceitos fundamentais de matemática, Lisboa, 1941, pp. 216-217
[21]. ibidem, pp. 126-127: Definição de INFINITÉSIMO: toda variável representativa de um conjunto de pontos pertencentes à vizinhança da origem, quando nessa  variável considerarmos sucessivamente valores x1,x2,x3...xn... tais que |Xn| < d para todos os valores de n > n1 e todo d > 0 (zero).  É condição necessária para x ser infinitésimo que haja valores de x na vizinhança de 0 (zero), mas esta condição não é suficiente. A variável x só será infinitésimo quando considerarmos sucessivamente valores seus tão próximos de 0 (zero) quanto quisermos.
[22]. A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La Philosophie Critique - Tome I -  La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure, Paris, J. Vrin, 1969, p.116
[23]. Uma parte desta seção sobre o a priori  quer ser uma breve síntese das anotações de classe sobre o tema; e outra parte será baseada na leitura de A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La Philosophie Critique - Tome I -  La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure, Paris, J. Vrin, 1969, 356 pp.; e  J. VUILLEMIN - L’Héritage Kantien et la Revolution Copernicienne - Fichte - Cohen - Heidegger, Paris, PUF, 1954, 310 pp. (Deuxième Partie - Le Principe des Grandeurs Intensives - Herman Cohen - pp.132 - 208.

[24]. A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La Philosophie Critique - Tome I -  La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure, Paris, J. Vrin, 1969, p. 76.
[25]. ibidem, p. 85
[26]. ibidem, p. 85. Este tema foi explicitamente tratado na 12ª aula do curso.
[27]. ibidem, p. 261
[28]. J. VUILLEMIN - L’Héritage Kantien et la Revolution Copernicienne - Fichte - Cohen - Heidegger, Paris, PUF, 1954, p.  136
[29]. ibidem, p.  136
[30]. ibidem, p.  141
[31]. ibidem, p. 147
[32]. CRPU (B 25)
[33]. J. VUILLEMIN - L’Héritage Kantien et la Revolution Copernicienne - Fichte - Cohen - Heidegger, Paris, PUF, 1954, p.  169
[34]. A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La Philosophie Critique - Tome I -  La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure, Paris, J. Vrin, 1969, p. 247
[35]. Ver QUADRO anexo sobre o ESPAÇO
[36]. Ver QUADRO anexo sobre o TEMPO
[37]. A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La Philosophie Critique - Tome I -  La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure, Paris, J. Vrin, 1969, p.163
[38].   J. VUILLEMIN - L’Héritage Kantien et la Revolution Copernicienne - Fichte - Cohen - Heidegger, Paris, PUF, 1954, p. 135
[39]. A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La Philosophie Critique - Tome I -  La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure, Paris, J. Vrin, 1969, p. 156.
[40]. ibidem, p. 121
[41]. ibidem, p. 154 - CRPU (A94)
[42]. CRPU (B 197)
[43]. CRPU (B126)
[44]. CRPU (B126)
[45]. A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La Philosophie Critique - Tome I -  La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure, Paris, J. Vrin, 1969,  p. 167-168
[46]. ibidem, p. 167-168
[47]. CRPU (A114)
[48]. A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La Philosophie Critique - Tome I -  La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure, Paris, J. Vrin, 1969,  p. 310
[49]. CRPU (B218)
[50]A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La Philosophie Critique - Tome I -  La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure, Paris, J. Vrin, 1969, , 197
[51]. Citação indireta do Kants Theorie der Erfahrung p.756-757, também citado em J. VUILLEMIN - L’Héritage Kantien et la Revolution Copernicienne - Fichte - Cohen - Heidegger, Paris, PUF, 1954,, p. 201
[52]A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La Philosophie Critique - Tome I -  La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure, Paris, J. Vrin, 1969, , p. 201; Cohen, 556, 620.
[53]. ibidem, p.201
[54]. ibidem, p.202
[55]. ibidem, p. 219
[56]. J. VUILLEMIN - L’Héritage Kantien et la Revolution Copernicienne - Fichte - Cohen - Heidegger, Paris, PUF, 1954, p. 195

[57]. A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La Philosophie Critique - Tome I -  La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure, Paris, J. Vrin, 1969, p. 111
[58]. ibidem, p. 113
[59]. ibidem, p. 258
[60]. ibidem, p. 336
[61]. LIMA VAZ, H. C. de, Ontologia e História, São Paulo, Duas Cidades, 1968, p. 75
[62]. A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La Philosophie Critique - Tome I -  La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure, Paris, J. Vrin, 1969, p. 107
[63]. ibidem, p. 107
[64]. ibidem, p. 107
[65]. ibidem, p. 232
[66]. Ver QUADRO anexo sobre a DIALÉTICA TRANSCENDENTAL

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