A Revolução Copernicana, o a priori e a experiência em Kant
UFMG
Belo Horizonte - 1995
Universidade
Federal de Minas Gerais
Faculdade
de Filosofia e Ciências Humanas
Departamento
de Pós-graduação em Filosofia
Linha
de Pesquisa: Filosofia Social e Política
Disciplina: (Fil 837) - T. E. em Idealismo
Alemão
(Leitura comentada de textos selecionados
da Crítica da Razão Pura)
Professor: Dr. José Henrique dos Santos
Aluno:
Rubens Godoy Sampaio
Belo
Horizonte, Junho de 1995
NOTA: 100
Sumário
Introdução
Parte I
1. A Revolução Copernicana
1.1. Do Geocentrismo ao
Heliocentrismo
1.2. Da ciência teórica às
“artes” (à técnica);
Da qeoriva à poivhsi".
O nascimento da física matemática
Da qeoriva à poivhsi".
O nascimento da física matemática
2. O Infinitésimo
Parte II
1. A priori
2. A experiência
3. O princípio de grandeza intensiva
Conclusão
Bibliografia
Remissivo
Anexos
Introdução
O autor deste texto não transita com facilidade no
interior do pensamento crítico. Sua inserção no mundo da Filosofia não ocorreu
senão há 3 anos. E, não obstante a competência e a clareza do professor, o
caminho percorrido para a compreensão do
tema tratado em aula, bem como para a ulterior redação deste texto foi um tanto
árduo para aquele que ainda está se introduzindo neste vasto universo da
Filosofia.
O autor não
poderia pretender elaborar algo além de sua capacidade e competência. Assim
sendo buscou, com este trabalho, realizar uma síntese de 3 tópicos
presentes sobretudo na 1ª metade do curso: a Revolução Copernicana, o a
priori e a experiência. E antes de concluir o trabalho serão
desenvolvidas algumas linhas a respeito
do princípio da grandeza intensiva.
O trabalho
divide-se em duas partes. Na 1ª há um destaque maior à Revolução Copernicana e um pequeno texto sobre o Infinitésimo. A 2ª parte é o lugar do desenvolvimento dos
problemas estritamente kantianos.
A pesquisa foi
orientada pela tese de Cohen que busca mostrar a estreita ligação entre
Filosofia Transcendental e as ciências, explicando como a
crítica da razão era unicamente
(...) a teoria da experiência”[RESLOY1][1].
No entanto, a
impossibilidade do acesso ao Kants Theorie
der Erfahrung fez com que o trabalho se realizasse sobretudo a partir da
leitura de L’Œuvre de Kant (A. Philonenko - Tome I)
e L’Héritage
Kantien et la Revolution Copernicienne (J. Vuillemin - Partie II).
Seguem em anexo
alguns esquemas construídos a partir da leitura de alguns dos textos lidos em
sala de aula.
PARTE I
1. A Revolução Copernicana
1.1. Do Geocentrismo ao Heliocentrismo
Até 1543,
ano da publicação do De Revolutionibus orbium caelestium do
cônego polonês Nicolau Copérnico (1473-1543),
a astronomia estava fundada na Composição
Matemática também chamada Grande
Sintaxe, ou ainda o Almagesto do
alexandrino Ptolomeu (II d.C.),
cuja engenhosidade conseguiu estabelecer, sobre uma hipótese falsa, uma notável
interpretação dos acontecimentos celestes.
No sistema
ptolomaico a Terra era imóvel, e as órbitas do Sol e dos planetas, em torno da
Terra, eram circulares, sendo que o centro destas órbitas eram pontos vizinhos
à Terra e diferentes para cada um dos astros. Os planetas não caminhavam sobre
suas respectivas órbitas, mas descreviam um pequeno círculo (epiciclo) cujo
centro repousava e se deslocava sobre a órbita principal.
O Sol (S) desloca-se sobre um pequeno círculo (E) no
sentido da seta. O
centro do círculo (E) percorre em um ano
o círculo (D) tendo por centro a Terra
(T), no sentido indicado. Da combinação destes dois movimentos resulta um
movimento aparente do
Sol (S) em relação à Terra (T) sobre o círculo (A). O raio do círculo (A) é
igual ao raio do círculo (D), mas seu
centro se encontra em (X). E a distância TX é igual ao raio do epiciclo (E).
Vários astrônomos
perceberam as deficiências do sistema ptolomaico, entre eles Georges Peurbach
(austríaco) e Jean Müller (de Königsberg). A leitura destes autores por
Copérnico foi fundamental para a elaboração do seu novo
sistema. Mas para Copérnico a leitura mais decisiva foi a dos antigos.
Apollonius de Perga (II d.C.) apresentou-lhe um sistema misto tal
qual Tycho Brahé (1546-1601)
construiria mais tarde (Figura 2). E no Arenário
de Arquimedes (287-212a.C.), Copérnico encontrou a seguinte
idéia de Aristarco de Samos (280 a.C.): o Sol está imóvel; a Terra e os
outros planetas são redondos e giram em torno do Sol..
Figura
2
Também vale notar
que a argumentação copernicana repousa
sobre afirmações não de ordem científica, mas místicas, que em síntese podem ser
resumidas na seguinte proposição: o lugar mais nobre ao astro mais belo![2]
Copérnico ainda mantém alguns epiciclos e outras
complicações ptolomaicas. Todavia, o esforço maior foi realizado, o risco maior
assumido e o Sol colocado no centro do universo!
Figura
3
1.2. Da ciência teórica às “artes” (à técnica); Da qeoriva à poivhsi". O nascimento da física matemática.
A realização
da matematização da física também vai
sendo preparada por uma outra mudança de
mentalidade no campo do conhecimento e da aplicação deste mesmo conhecimento.
Desde a
Antiguidade é notório o desprezo pela técnica, pelo trabalho manual e artesanal. Um exemplo
bastante eloquente é o de Arquimedes. Ele não deixou escrita nenhuma obra a respeito da
construção de suas máquinas de guerra, pois a ciência de inventar e
construir máquinas era algo de natureza muito vil,
baixa e mercenária.
Na passagem da
Idade Média para a Modernidade ainda se
vê, de um lado uma ciência teórica que
especula sobre a ordem da natureza (aristotelismo) e de outro lado uma ‘técnica’
(l’art em francês, a poivhsi"), ou ainda uma atividade
realizada em laboratórios (alquimistas)[3].
Os intelectuais oficiais não têm laboratórios tal como os alquimistas, pois a
tarefa destes é fabricar e o trabalho daqueles é contemplar. Em síntese, a técnica é inferior à
ciência. A Idade Média guardou a distinção entre obras servis e obras liberais[4].
Esta mentalidade
começou a se alterar com a matematização da astronomia. No entanto, Bacon (1561-1626)
afirmara que a astronomia matemática era apenas um jogo ridículo sem relação
alguma com a verdadeira física, pois a astronomia matematizada nos fornece apenas a “casca” das
coisas. Todavia, para Galileu e Descartes, o coração da ciência será
engendrado justamente por isto que Bacon chamara de “casca”[5].
Segundo Descartes (1596-1650), a verdadeira explicação científica consiste em
circunscrever a natureza numa rede de
símbolos matemáticos que consiga explicar tudo. Ou seja, o real, o verdadeiro será aquilo que for captado,
apreendido pelas malhas da teoria construída. E assim a ciência vai adquirindo
uma feição humana, pois ela não tem mais nada de metafísica, mas revela-se
unicamente como uma obra humana. Simultaneamente a tais mudanças, vai ocorrendo
o abandono do método da autoridade
e surgindo uma nova definição de racional
e de natureza[6].
Um grande impulso
para o chamado “retorno a Arquimedes” é dado
pelos italianos, povo muito prático que nunca compreendeu o desprezo da
Antiguidade pelas “artes”. Leonardo da Vinci (1452-1519) afirmará que conhecer é fabricar e com isto o trabalho de um engenheiro acabará
por tornar-se uma obra científica. E finalmente Galileu Galilei
rejeitará a identificação do real objetivo com
a percepção sensível, apontando assim para o núcleo da física moderna: as qualidades são
relativas aos sentidos e a matéria para
o cientista é quantitativa.
Em decorrência
destes progressos bastante graduais, a distância entre ciência e técnica irá
diminuindo sensivelmente de modo que a relação hodierna entre ambas
apresenta-se ao homem contemporâneo como óbvia e necessária.
O desmoronamento
gradual do preconceito relativo à técnica é
concomitante ao processo de gênese da
física-matemática.
Segundo Lenoble[7]
muitas descobertas nascem do encontro de duas idéias já conhecidas. Desde muito
tempo já havia a tabela exata dos ângulos de
incidência e dos ângulos de refração da luz. Ao mesmo tempo em que já se
conhecia algo de trigonometria. A lei da refração
da luz só foi descoberta (ou criada!) quando se teve a idéia de comparar
as tabelas com aquilo que se sabia de
trigonometria. E a história da física-matemática é semelhante
a este fato do encontro de duas idéias.
Conhecia-se até
então alguns fenômenos e um pouco de
cálculo. A idéia de se ler os fenômenos com a linguagem dos cálculos foi a
criadora da física-matemática. Tal idéia fervilha na cabeça de Galileu em 1590 e 30
anos mais tarde em Descartes[8].
Figura 4
E assim a
física-matemática vai sendo
capaz de construir um mundo verdadeiramente real de dados
quantitativos. É construído um mundo inteligível diferente do
mundo das idéias da Antiguidade Clássica. Aos dados quantitativos aplica-se o instrumento matemático da medida. Criam-se tabelas,
escalas, unidades de medida, etc...[10].
Decorrentes
dessas transformações na mentalidade científica e na ciência, duas
novas noções emergem no interior
do universo científico: 1. uma nova noção de objetividade e 2. outra
noção de fenômeno.
A objetividade
Conforme a física
aristotélica as coisas são
como nós as percebemos. A física moderna irá rejeitar a física qualitativa aristotélica
e estabelecerá que somente a construção racional possibilitará a objetividade verdadeira. A
objetividade científica, portanto, referir-se-á unicamente, aos estados da matéria, os quais são passíveis de
mensuração de peso, temperatura, densidade[11].
A ciência, agora, garante o
conhecimento certo e objetivo dos fenômenos através de
uma rede de relações, ou de leis quantitativas.
“E assim, tanto
hoje como no tempo de Platão e Aristóteles, fazer ciência consiste em inserir
na carne flácida do dado sensível a armadura férrea de um esquema inteligível. A questão é saber o que se entende por
inteligível”[12].
O Fenômeno
Partindo deste
paradigma de objetividade o fenômeno passa a ser
algo distinto da aparência sensível, e construído conforme as regras da ciência. O fenômeno torna-se o objeto próprio e
específico das ciências e apenas a Metafísica permitirá
afirmar a equivalência, a conformidade do objeto da ciência com a realidade[13].
E neste momento toma força um certo desprezo pela Metafísica: “Preocupemo-nos
com o fenômeno e deixemos o real de lado. O
real não é objeto do cientista”[14].
Daí em diante a verdade científica se definirá no plano do fenômeno como
organizador das aparências por um sistema de leis. Ocorre, pois, desta forma, a
renúncia ao conhecimento da “essência das coisas”,
pois até então a verdade era inteligível quando ela
revelava o em si de alguma coisa; e
assim a idéia platônica e a essência
aristotélica retirava o homem do mundo das aparências e das sombras.
Portanto, a
ciência acaba de “conquistar a noção de fenômeno no sentido preciso que
este tomará em Kant”[15].
2. O INFINITÉSIMO[16]
Antes de entrar
na parte propriamente kantiana deste trabalho, são desenvolvidas algumas linhas
a respeito do infinitésimo para que
posteriormente se possa trabalhar com o princípio de grandeza intensiva.
O problema de
Zenão é saber se o movimento é
compreensível ou não, ou seja, se a explicação do movimento é compatível com a
explicação racional dada ao universo pelo eleatismo. A resposta de Zenão é negativa. Ele argumenta
pois, contra a consideração do movimento
como uma sucessão de estados de um móvel. O eleata apresenta o movimento
como algo incompreensível quer essa sucessão seja finita (exemplo da flecha),
quer seja infinita (exemplo de Aquiles).
A argumentação de
Zenão foi contundente. Não se conseguiu resolver o
problema da incomensurabilidade do movimento e concluiu-se
pela incapacidade numérica para a
solução de tal questão. A consequência disto foi a degradação do número em relação à
geometria. Com isso excluiu-se o conceito quantitativo de infinito dos racionais matemáticos. E assim sendo a 2ª
consequência foi o caráter finitista
da matemática grega, e o surgimento de
uma espécie de horror ao infinito. Finalmente
houve um abandono das concepções
dinâmicas e a invasão de um horror ao movimento. Daí a noção aristotélica de
que todos os corpos buscam seu lugar natural e que “todo movimento violento é
como uma ferida que a natureza cicatriza o
mais rápido possível”[17].
Sintetizando, três são as consequências da dura
argumentação eleática: a degradação do número, o desprezo do infinito e do
movimento.
A solução do
problema associa-se à percepção de que a reta não deve ser pensada como
justaposição de pontos. Pois há, na reta, algo que ultrapassa
uma simples coleção de pontos, a saber, a continuidade. Prescindir da
continuidade ou considerar o movimento como uma
sucessão de estados particulares implica no paradoxo de estudar o movimento por
um método estático.
Os primeiros
golpes à concepção finitista da mentalidade grega foram dados por Kepler e Galileu: “O círculo era a figura que convinha a uma tal
concepção finitista - com efeito o movimento circular
fecha-se sobre si mesmo, completa-se o plano em que ele se dá, pode rodar de
qualquer ângulo sobre si mesmo sem que a trajetória circular se altere; era por
isso considerado como o movimento perfeito, o movimento natural[18].
A 1ª lei de Kepler (órbitas
elípticas)[19]deu
o primeiro golpe “nesta supremacia do círculo (que a Revolução Copernicana deixara intacta) que assim se viu demitido da
situação proeminente de lugar do movimento natural”. E o
segundo golpe foi dado por Galileu com o
“princípio de inércia, segundo o qual o lugar do movimento natural é a
reta”[20].
Portanto, um percurso aberto e não fechado como no círculo.
Finalmente surge
um novo conceito que dá conta da infinidade de estados possíveis entre dois
estados quaisquer; de natureza a permitir o
trabalho de estados determinados e com a infinidade das possibilidades entre
dois estados. Tal conceito não é um número mas uma
variável. A variável é e não-é cada um dos
elementos do conjunto; ela é síntese entre ser e
não-ser. Portanto, ela sai do quadro de idéias que vêem na realidade uma
permanência e irrompe ligada à corrente de pensamento que, expressa ou
tacitamente vê na fluência a 1ª de suas
características. Este instrumento vai ser aplicado ao estudo do que se
passa num ponto em interdependência com outros pontos arbitrariamente próximos.
Portanto essa variável deve ter no seu domínio números arbitrariamente pequenos
em módulo: surge assim o conceito de infinitésimo[21].
Com o fim da
supremacia do círculo (Kepler), com o princípio de inércia (Galileu) e com o cálculo infinitesimal (Leibniz/Newton), a
modernidade supera as aporias herdadas da Antiguidade a respeito da degradação
do número e do horror ao infinito e ao
movimento.
PARTE II
O problema
crítico consiste em explicitar a possibilidade da experiência, i.e.,
explicitar a essência universal do
conhecimento como unidade das formas da sensibilidade e das formas
categoriais. Ou seja, trata-se do problema
da Dedução Transcendental que
estabelece a significação das estruturas constituintes do a priori metafísico. Ou ainda trata-se de saber como os
julgamentos sintéticos a priori são possíveis[22].
Para resolver tal
questão Kant realiza sua Revolução Copernicana fazendo com que não seja mais o objeto que torne a
representação possível e afirmando que é o objeto quem gira em torno do sujeito, ou seja, é a representação que possibilita o
objeto.
E a compreensão
da Revolução Copernicana em Kant está
associada à compreensão de algumas noções centrais da Filosofia Transcendental.
Entre elas a questão da “natureza” do a priori e a experiência. Trabalhar-se-á,
brevemente, neste texto, sobre estes
dois aspectos e finalmente serão desenvolvidas algumas linhas a respeito do princípio de grandeza intensiva.
1. O A PRIORI
Durante o curso[23]
percebeu-se que alguns alunos, inclusive o autor deste texto, compreendia o a priori como algo inato, algo como uma “fôrma”, uma
“rede” através da qual tudo o que fosse apreendido pela sensibilidade adquiriria
uma forma. Esta compreensão equivocada decorre de uma leitura de matiz não
lógico-transcendental. Contudo, tanto o a priori como o eu
penso (a apercepção transcendental) não são realidades psicológicas, mas noções
puramente lógicas cuja função é a de estabelecer sínteses. O a
priori não é algo que deva ser pensado como natural,
inato, psicológico, real, mas que deve ser pensado em analogia com as
idéias matemáticas. Em outras palavras, o a priori não tem realidade alguma. Na
verdade ele é um tipo de relação lógica, sem o qual todo discurso humano carece
de sentido. Ele tem valor independente
de qualquer forma de existência. E mais. Mesmo sendo portador de necessidade e
universalidade o a priori enquanto relação lógica é algo apreendido.
A estrutura e o
sentido do
conhecimento não é algo semelhante a um órgão, o que implicaria no fato de o a
priori ser algo inato. A assimilação do conhecimento
a um órgão conduziria a uma concepção das formas puras do espaço-tempo como leis
inatas[24].
Portanto,
qualquer explicação mecanicista, psicologista, realista, inatista do a
priori, implica numa noção diferente do a
priori kantiano que é estritamente lógico. Trata-se pois, de algo universal, necessário,
matemático mas não ontológico.
Segundo
Philonenko, na Dissertação de 1770, Kant ainda
confunde idealidade transcendental com
subjetividade[25],
psicologia com epistemologia, inatismo com
apriorismo. Para demonstrar tal confusão Philonenko cita um
trecho da Dissertação de 1770,
referente ao espaço:
o
espaço não é algo de “objetivo e real, nem uma substância, nem um acidente, nem uma
relação; mas é subjetivo e ideal, fruto
da natureza do espírito
por uma lei fixa, à maneira de um esquema destinado a coordenar
absolutamente tudo o que é captado pelos sentidos”.
Com tal
posicionamento, Kant afirma a
subjetividade do espaço e do tempo como formas
puras da sensibilidade. Mas ainda não teria alcançado o estatuto
propriamente lógico das formas
puras da sensibilidade; as quais ainda não estarão bem definidas sequer na 1ª
edição da Crítica, mas somente na edição de 1787.[26]
A compreensão da
natureza lógica do a
priori e da apercepção transcendental é absolutamente necessária pois o problema
kantiano é o problema do método e compreender
este método significa possuir a chave de leitura do criticismo[27].
A clareza a
respeito do caráter lógico do a
priori é fundamental, pois, não se poderia abordar o
problema do fundamento do conhecimento a partir de um psicologismo no qual a
representação estivesse intrinsecamente relacionada com elementos lógicos da
consciência. Tal fato interditaria de antemão a possibilidade de se colocar o
verdadeiro problema epistemológico, a saber, o problema da constituição das regras da
experiência científica[28].
Um inatismo impediria a
ciência de encontrar uma filosofia que fosse adequada
às pretensões de regulação universal[29].
A única
significação do a priori metafísico refere-se à sua utilidade
epistemológica. Esquecer isto implicaria num retorno inevitável da Metafísica à Psicologia,
e portanto, não seria possível fundar a regra da objetividade.
Em última
análise, Kant está buscando resolver o problema fundamental
do Idealismo Alemão: como se pode
passar da consciência de si à
consciência do objeto? A resposta kantiana será: constituindo o objeto, construindo o real através da ciência[30]. Possibilitando
que o sujeito conhecedor reconheça no objeto conhecido
apenas aquilo que no objeto foi introduzido previamente pelo próprio sujeito
conhecedor. Assim o método transcendental não
pressupunha e não podia pressupor a ciência como um fato, ou seja, o método
transcendental não se interroga previamente sobre o fato do conhecimento
científico e de seus objetos, mas, antes de tudo, põe a questão sobre a possibilidade
da ciência e mais especificamente
da física-matemática.[31]
Não é pois, o
objeto em si que importa, mas a forma de conhecê-lo:
“Chamo transcendental a todo conhecimento que em geral se ocupa
menos dos objetos, que do nosso modo de
os conhecer, na medida em que este deve ser possível a priori”[32].
Poder-se-á,
portanto, conhecer a priori as coisas da experiência externa apenas sob a condição de que, segundo
o princípio da Revolução Copernicana, o
conhecimento preceda literalmente a experiência, ainda que esta
anterioridade não tenha nada mais do que uma significação transcendental[33].
Em total oposição
a esta concepção transcendental, lógica ou
epistemológica do a priori, a Psicologia
Racional “transforma a condição, o método supremo, em um existente, em um ser, em uma coisa, e
imagina separar legitimamente o eu penso do conhecimento como totalidade e do qual o eu penso é o princípio metódico”[34].
Trabalhou-se até
aqui sobre a noção de a priori. O espaço[35]
é a forma a priori do sentido externo. O
tempo[36]
a forma a priori do sentido interno e as categorias são formas a
priori do pensamento. Posto isto, tem-se que a
constituição categorial do tempo pela apercepção transcendental considerada como pura é que tornará possível a
experiência[37], a qual será
tratada a seguir.
2. A EXPERIÊNCIA
Neste momento
explicita-se a pertinência da escolha destes aspectos do a priori e da experiência como temas deste trabalho, pois, a passagem do
inato ao a priori é
exigência decorrente de uma análise fundamental da experiência. Esta análise da experiência,
além de exigir tal compreensão do a priori, obriga também a realização
de uma investigação não psicológica, mas metafísica a respeito dos elementos
que servirão, não mais para descrever a
origem, o futuro ou o ser da consciência, mas unicamente para explicitar a contribuição da
consciência ao edifício do saber científico[38]
.
.
A Crítica da Razão Pura é, pois, o desenvolvimento da essência do
conhecimento na medida em que o objeto é objeto no conhecimento.
A Crítica da
Razão Pura é, enquanto método transcendental, uma
descrição das estruturas aprióricas do conhecimento ou ainda a descrição pura
da essência do
conhecimento enquanto ela torna a experiência possível[40].
O fato da
possibilidade da experiência é fundado na unidade das
categorias e da intuição sensível. A
experiência consiste em elevar os simples fenômenos ao nível de
uma lei, a qual confere a autêntica
realidade objetiva do objeto. E a esta realidade objetiva, à coisa
cientificamente determinada opõe-se necessariamente a coisa em si ou
incondicionada.
E as três fontes
primitivas que circunscrevem as condições de possibilidade de toda experiência e que não derivam de nenhum poder do espírito são o sentido, a imaginação e a apercepção. Sobre estas
três faculdades ou poderes do espírito fundam-se, respectivamente a sinopse do diverso, a síntese do diverso e a unidade desta síntese[41].
Na Analítica dos
Princípios[42]
Kant resume sua investigação sobre a essência da
experiência no seguinte
trecho da Crítica da Razão Pura:
“Deste modo são
possíveis os juízos sintéticos a priori, quando
referimos as condições formais da intuição a priori, a síntese da imaginação e a sua unidade necessária
numa apercepção transcendental, a um conhecimento da
experiência possível em
geral e dizemos: as condições da possibilidade da experiência em geral
são, ao mesmo tempo, condições da possibilidade dos objetos da experiência e
têm, por isso, validade objetiva num juízo sintético a priori ”.
Na PASSAGEM
À DEDUÇÃO DAS CATEGORIAS Kant afirma que
nada pode ser objeto da
experiência sem a
existência de “conceitos a priori como condições pelas quais algo não é intuído,
mas é pensado como objeto em geral”[43].
Pois, “toda a experiência contém ainda,
além da intuição dos sentidos,
na qual algo é dado, um conceito de um objeto, que é dado na intuição ou que aparece; há pois, conceitos de objetos em geral que
fundamentam todo o conhecimento de experiência, nas suas condições a priori; consequentemente, a
validade das categorias como
conceitos a priori, deverá assentar na circunstância de só elas
possibilitarem a experiência (quanto à forma do pensamento)”[44].
Sendo assim, os
objetos da experiência só poderão ser pensados por intermédio das
categorias. Em função disto, a dedução transcendental atingirá seu
verdadeiro objetivo quando mostrar que as “condições subjetivas” do pensamento
podem ter um valor objetivo. Feito isto, ultrapassar-se-á definitivamente a
problemática do sujeito e do objeto na medida em
que a “dedução transcendental mostra como as condições que permitem constituir
em uma totalidade as representações, são
também as leis que permitem elevar os fenômenos à dignidade
de objetos, fundando-os no conhecimento”[45].
A lei dos objetos
são também as leis do conhecimento e pode-se dizer que a “essência do
conhecimento é a essência do ser”[46].
Vê-se aqui o
fulcro do Idealismo Transcendental: o sujeito constituindo o
objeto através da experiência.
“Parece, na verdade, muito estranho e absurdo, que a natureza se regule
pelo nosso princípio subjetivo da
apercepção e mesmo deva
depender dele, relativamente à sua conformidade às leis. Porém, se pensarmos que essa natureza nada é em si
senão um conjunto de fenômenos, por conseguinte, nenhuma coisa em si, mas
simplesmente uma multidão de representações do espírito, não nos admiraremos de
a ver, simplesmente na faculdade radical de todo o nosso conhecimento, a saber,
na apercepção transcendental, naquela unidade, devido à qual unicamente pode ser chamada objeto de toda a
experiência possível,
isto é, uma natureza. Precisamente por isso podemos conhecer essa unidade a
priori, portanto também
como necessária”[47].
A partir desta
noção de experiência há uma transformação da própria concepção de
mundo. Pois o fundamento do saber não é mais um ser necessário, mas a própria
possibilidade da experiência[48].
3. O PRINCÍPIO DE GRANDEZA INTENSIVA
Na esteira dos
temas do a priori e da experiência, seguem-se
algumas linhas a respeito do princípio
de grandeza intensiva, pois o próprio Kant, no término do texto sobre as ANTECIPAÇÕES DA
PERCEPÇÃO (B208-218), afirma ser
“digno de nota
que, nas grandezas em geral, só possamos conhecer a priori uma única qualidade,
que é a continuidade, enquanto em
toda qualidade (no real dos fenômenos) nada mais podemos conhecer a priori a não ser a sua grandeza intensiva, o ter um
grau; tudo o mais é da alçada da experiência”[49].
Para Kant, em todos os fenômenos, o real, que é o objeto de sensação, tem uma grandeza intensiva, i.e., um grau.
E o exemplo dado
por Philonenko, para tratar deste problema
é o seguinte: tem-se um corpo caindo livremente; após alguns instantes já se
pode obter a grandeza da queda medindo-se a extensão de espaço percorrido.
No entanto, o movimento do corpo não
‘nasce’ exatamente no instante em que se o vê; ou seja, no instante em que se
tem a sensação. Entre o momento do repouso (=0) e o momento em que já se detecta
uma velocidade em função do deslocamento do corpo no espaço, já se passou toda uma série de acontecimentos que escapam
à percepção: a velocidade do corpo que cai, passa por graus de velocidade. E
tais graus constituem a origem do
fenômeno percebido na sensação. Nada mais difícil de
pensar do que esta origem do sensível[50].
É o “cálculo
infinitesimal que nos revela este progresso desde o zero até a realidade, a gênese do objeto e gênese da
sensação”.
Segundo Cohen[51]
“o sentido da grandeza
intensiva é o seguinte: ela representa o
fundamento da grandeza extensiva, o qual
é produzido a partir de si, de tal forma que nela o real pode ser
fornecido à física com a armadura científica que realiza, em ligação interna com
as pressuposições da mecânica, o cálculo infinitesimal”.
Cohen ainda afirma
que o princípio de grandeza intensiva é o fundamento da física-matemática, bem como constitui o coração do Idealismo
Transcendental.
A realidade em Kant não se
identifica com a existência. Realidade
significa o que pertence essencialmente aos fenômenos[52].
E a grandeza intensiva nos permite
perceber esta essência que elucida a
possibilidade da existência do fenômeno na sensação. “Atingir a realidade objetiva é perceber o que
torna possível a existência como tal e a sua necessidade. E como a essência (a
realidade das coisas) é a grandeza intensiva, deve-se dizer que a essência das
coisas é matemática, que a qualidade é quantidade compreendida como
continuidade”[53].
E porque a
essência das coisas possui graus, ela pode ser construída[54].
Enfim, a possibilidade de construir a essência das coisas, segundo as leis do
conhecimento, explicita concretamente o princípio supremo da experiência possível.
A grandeza
intensiva é a “essência do fenômeno”, bem como é um dos elementos fundamentais de um
sistema da ciência[55].
O princípio de
grandeza intensiva responde à
questão da Lógica Transcendental, não só naquilo que permite pôr o objeto da experiência possível, mas também nos faz assistir à gênese
deste objeto. O princípio de grandeza intensiva é a origem da objetividade[56].
CONCLUSÃO
Após a leitura da
Crítica da Razão Pura, do texto de Philonenko, de Vuillemin e da
assistência às aulas, a leitura do texto de Lenoble é
profundamente iluminadora, pois se vai percebendo que os passos dados por Kant são análogos
ao ocorrido no processo histórico do
desenvolvimento científico. Kant realiza a Revolução
Copernicana, tematiza a
possibilidade da física-matemática na Analítica
Transcendental, cria uma noção de fenômeno, bem como interdita a Metafísica. Tais realizações encontradas todas na Crítica da
Razão Pura são a conceptualização de séculos de história da ciência. Prova disto é a seguinte afirmação de Philonenko:
“Kant conduziu sua investigação de tal modo que é possível dizer que ele
determinou as categorias ou formas do
entendimento que a física newtoniana exigia”[57].
Mesmo suas categorias não foram
deduzidas da lógica geral e
formal. Mas seu ponto de partida foi a
reflexão sobre a ciência. De modo que,
longe de depender da lógica formal, a lógica transcendental a condiciona[58].
Devido à Revolução Copernicana, para Kant existe um
primado do método. Mas método e existência são claramente definidos e
distintos. Esta afirmação da primazia do método na constituição do conhecimento
e dos objetos não interdita o reconhecimento dos ‘fatos’da realidade do mundo[59].
Pois Kant está propondo este seu método como condição de possibilidade da
física-matemática. Ou seja, sua proposição é eminentemente
epistemológica. Segundo Cohen, Philonenko (e os
comentadores da escola de Marburgo) o pensamento transcendental se orienta em
vista do estabelecimento de uma natureza e não do desvelamento
do mundo (tal como querem Husserl e Heidegger). A Escola de Marburgo interpreta Kant na perspectiva das
ciências e busca na
Crítica da Razão Pura um tratado do método e não uma ontologia. Na verdade, Kant realiza uma crítica
transcendental à ontologia[60],
mostrando que a razão não podia
ultrapassar a experiência.
Na Filosofia
Clássica a idéia platônica e a forma aristotélica exaurem toda a objetividade da realidade. O eido" possui toda a
inteligibilidade dos seres. “A transcendência da Idéia platônica é tal que ela
rouba ao mundo da experiência e à contingência mesma do ato de conhecimento
toda intrínseca inteligibilidade”[61].
O real por
excelência, o “real realíssimo” é a
idéia ou o conceito universal. Kant faz uma
crítica contundente a este tipo de ontologia, pois, para Kant o real é
construído, o sentido do humano é edificado pelo homem e este
sentido será denominado propriamente como sendo o real.
O real, em Kant, corresponde
às leis científicas que determinam os fenômenos e os
transformam em objetos, i.e., em conhecimento. Portanto, “a questão da
Metafísica deve abordar este real, ou seja, deve abordar o fato constituído da existência da
ciência, da qual a possibilidade
deve ser compreendida”[62].
A noção de objeto refere-se,
portanto, ao ser enquanto percebido no conhecimento. Tal ser adquire uma
existência intelectual infinita e o
problema do objeto torna-se o problema
da necessidade do pensamento, ou ainda, refere-se à questão de como uma ligação sintética
consegue aumentar o saber científico[63].
Deste modo apenas
aquilo que é percebido no conhecimento e
expresso em leis matemáticas é que receberá a dignidade de realidade objetiva[64].
Depois de ter
justificado a ciência newtoniana e
indicado como o entendimento não poderia conhecer senão nos limites
determinados pelo esquematismo, Kant erige a
Crítica da Razão Pura em tribunal que condena todas as pretensões
ilegítimas da Metafísica[65].
E a tarefa da Dialética Transcendental será mostrar como a razão ultrapassa os
limites da experiência possível[66].
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- Encyclopédie de la Plêiade, Paris, 1957, Gallimard, pp. 1-192
DAUMAS, M. - Préface, in Histoire
de la Science - Encyclopédie de la Plêiade, Paris, 1957, Gallimard, pp.
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1975, 108-179
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SCHATZMAN, E. - La Astronomie de
la Renaissance a nos Jours, in Histoire
de la Science - Encyclopédie de la Plêiade, Paris, 1957, Gallimard, pp.
716-721.
Índice Remissivo e Onomástico
A
a
priori..................................... 1;
3; 4; 11; 12; 13; 14; 15; 18
alquimistas........................................................................... 6
apercepção
transcendental............................ 12;
13; 14; 15
Apollonius de Perga....................................................... 5; 10
apriorismo.......................................................................... 12
Aristarco de Samos.............................................................. 5
Aristóteles............................................................................ 8
Arquimedes.................................................................. 5;
6; 7
B
Bacon................................................................................... 6
C
categorias............................................................... 13;
14; 17
ciência................................ 3;
4; 6; 7; 8; 9; 12; 13; 16; 17; 18
Cohen......................................... 4;
11; 12; 13; 14; 16; 17; 18
consciência............................................................. 12;
13; 14
continuidade........................................................... 10;
15; 16
Copérnico..................................................................... 4;
5; 6
Crítica da Razão Pura................................... 2;
14; 16; 17; 18
criticismo............................................................................ 12
D
Descartes.......................................................................... 6;
7
Dialética Transcendental..................................................... 18
Dissertação
de 1770.......................................................... 12
E
eleatismo.............................................................................. 9
epistemologia..................................................................... 12
epistemológico................................................................... 12
espaço.................................................................... 12;
13; 16
esquematismo..................................................................... 18
essência........................................................ 9;
11; 14; 15; 16
eu
penso...................................................................... 12;
13
experiência................... 1;
3; 4; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18
F
fenômeno............................................. 7;
8; 9; 14; 15; 16; 17
física aristotélica................................................................... 8
física moderna.................................................................. 7;
8
física-matemática.................................... 3; 6; 7; 8; 13; 16; 17
G
Galileu.................................................................. 6;
7; 10; 11
Geocentrismo................................................................... 3;
4
geometria.............................................................................. 9
H
Heliocentrismo................................................................. 3;
4
I
Idealismo Alemão...................................................... 1; 2;
13
Idealismo Transcendental............................................. 15;
16
imaginação........................................................................ 14
inatismo.............................................................................. 12
inércia........................................................................... 10;
11
infinitésimo............................................................ 3;
4; 9; 11
infinito............................................................................ 9;
11
inteligível.......................................................................... 8;
9
intuição............................................................................... 14
J
juízo sintético a priori........................................................ 14
julgamentos sintéticos a priori........................................... 11
K
Kant.............................. 1;
4; 9; 11; 12; 13; 14; 15; 16; 17; 18
Kepler........................................................................... 10;
11
L
lei................................................................. 7;
10; 12; 14; 15
Lenoble.......................................................................... 7;
16
Leonardo da Vinci................................................................ 7
ligação...................................................................... 4;
16; 17
lógica...................................................................... 12;
13; 17
M
Metafísica........................................................... 9;
13; 17; 18
método................................................... 7;
10; 12; 13; 14; 17
movimento..................................................... 5;
9; 10; 11; 16
N
natureza.......................................... 6;
7; 9; 10; 11; 12; 15; 17
número..................................................................... 9;
10; 11
O
objetividade.................................................... 8; 9; 13;
16; 17
objeto............................................... 9;
11; 13; 14; 15; 16; 17
ontologia............................................................................ 17
P
Philonenko................................................... 4;
12; 15; 16; 17
Platão................................................................................... 8
princípio de grandeza intensiva.................. 3; 4; 9; 11; 15; 16
psicologia........................................................................... 12
psicologismo...................................................................... 12
Ptolomeu.............................................................................. 4
R
real................................................. 7;
8; 9; 12; 13; 15; 16; 17
realidade................................................. 9;
10; 12; 14; 16; 17
Revolução Copernicana........................ 1; 3; 4; 10;
11; 13; 17
S
sensação....................................................................... 15;
16
sensibilidade................................................................. 11;
12
sentido............................................... 5;
9; 12; 13; 14; 16; 17
sinopse.............................................................................. 14
síntese............................................................ 4;
6; 10; 11; 14
sujeito..................................................................... 11;
13; 15
T
técnica.......................................................................... 3;
6; 7
tempo............................................................. 7;
8; 12; 13; 14
transcendental................................................... 12; 13;
14; 17
Tycho Brahé......................................................................... 5
U
unidade................................................................. 11;
14; 15
V
Vuillemin....................................................................... 4;
16
Z
Zenão................................................................................... 9
ANEXOS
O tamanho normal
dos esquemas que se seguem é cerca de quatro a oito vezes maior. No entanto,
para que pudessem ser anexados a este
trabalho foi preciso reduzi-los. Alguns dos esquemas, infelizmente,
encontram-se com os caracteres muito pequenos. Contudo, apesar desta
dificuldade, o autor achou por bem
adicioná-los ao trabalho.
1. Prefácio dos Principia
2. Escólio dos Principia
3. Esquema Geral
da Crítica da Razão Pura
4. Espaço
5. Tempo
6. Introdução -
Idéia de uma Lógica Transcendental
7. Dialética
Transcendental
[1]. A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La
Philosophie Critique - Tome I - La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure,
Paris, J. Vrin, 1969 , p. 11
* . BRUNET, P. -
La science dans l’Antiquité et le Moyen
Age, in Histoire de la Science - Encyclopédie de la Plêiade, Paris,
1957, Gallimard, p. 272.
[2]. SCHATZMAN, Evry- La
Astronomie de la Renaissance a nos Jours, in Histoire de la Science
- Encyclopédie de la Plêiade, Paris, 1957, Gallimard, pp. 716-721.
[3]. LENOBLE, R. -L’Origine de la Pensée
Scientifique Moderne, in Histoire
de la Science - Encyclopédie de la Plêiade, Paris, 1957, Gallimard, pp.
376 e 424
[4]. ibidem, p. 376
[5]. ibidem, p. 443
[6]. ibidem, p. 483
[7]. ibidem, p. 485
[8]. Ofuscado pela luz de
tamanha descoberta, Descartes pensava ser um “favorecido do
céu”, e para agradecer tal “iluminação mística” foi em peregrinação a Notre
Dame de Lorette para dar ação de graças por esta revelação.
[9]. ibidem, p. 491
[10]. Um exemplo interessante
de convenção é a respeito do tempo. Um segundo corresponde a 9 192 631 770 períodos de radiação produzidos pela transição entre dois níveis
“hiper-finos” do estado fundamental do átomo de Césio 133. Temps -
Encyclopédie Universallis.
[11]. LENOBLE, R. -L’Origine de la Pensée Scientifique Moderne, in Histoire de la Science - Encyclopédie de
la Plêiade, Paris, 1957, Gallimard, p. 494
[12]. ibidem p. 495
[13]. ibidem p.499
[14]. ibidem p. 499
[15]. ibidem p. 500
[16]. JESUS CARAÇA, Bento de - Conceitos fundamentais de matemática,
Lisboa, 1941, 318 pp.
[17]. LENOBLE, R. -L’Origine de la Pensée Scientifique Moderne, in Histoire de la Science - Encyclopédie de
la Plêiade, Paris, 1957, Gallimard, p. 385
[18]. JESUS CARAÇA, Bento de - Conceitos fundamentais de matemática,
Lisboa, 1941, pp. 216-217
[19]. A idéia da trajetória elíptica dos planetas foi sugerida a Kepler pelo Tratado
dos Cones de Apollonius de Perga. Ver Expérience, par H. Saget, Encyclopédie
Philosophique Universel, Paris, PUF, Dictionnaire I, pp. 924-925; Apollonius
of Perga - The New Encyclopædia Britanica, I, 1974, Micropædia, Ed. Willian Benton, 15th edition, p.448
[20]. JESUS CARAÇA, Bento de - Conceitos fundamentais de matemática,
Lisboa, 1941, pp. 216-217
[21]. ibidem, pp. 126-127: Definição
de INFINITÉSIMO: toda variável representativa de um conjunto de pontos
pertencentes à vizinhança da origem, quando nessa variável considerarmos sucessivamente valores
x1,x2,x3...xn... tais que |Xn|
< d para todos os valores de n > n1 e todo d > 0
(zero). É condição necessária para x ser infinitésimo que haja valores de x na vizinhança de 0 (zero), mas esta condição não é suficiente. A
variável x só será infinitésimo
quando considerarmos sucessivamente valores seus tão próximos de 0 (zero)
quanto quisermos.
[22]. A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La
Philosophie Critique - Tome I - La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure,
Paris, J. Vrin, 1969, p.116
[23]. Uma parte desta seção sobre o a
priori quer ser uma breve síntese das anotações de classe sobre
o tema; e outra parte será baseada na leitura de A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La Philosophie Critique - Tome I - La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure,
Paris, J. Vrin, 1969, 356 pp.; e J.
VUILLEMIN - L’Héritage Kantien et la
Revolution Copernicienne - Fichte - Cohen - Heidegger, Paris, PUF, 1954, 310 pp. (Deuxième Partie - Le Principe des Grandeurs Intensives - Herman Cohen - pp.132 -
208.
[24]. A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La
Philosophie Critique - Tome I - La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure,
Paris, J. Vrin, 1969, p. 76.
[25]. ibidem, p. 85
[26]. ibidem, p. 85. Este
tema foi explicitamente tratado na 12ª aula do curso.
[27]. ibidem,
p. 261
[28]. J. VUILLEMIN - L’Héritage Kantien et la
Revolution Copernicienne - Fichte - Cohen -
Heidegger, Paris, PUF,
1954, p.
136
[29]. ibidem, p. 136
[30]. ibidem, p. 141
[31]. ibidem, p.
147
[32]. CRPU (B 25)
[33]. J. VUILLEMIN - L’Héritage Kantien et la
Revolution Copernicienne - Fichte - Cohen -
Heidegger, Paris, PUF,
1954, p.
169
[34]. A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La
Philosophie Critique - Tome I - La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure,
Paris, J. Vrin, 1969, p. 247
[35]. Ver QUADRO anexo sobre o
ESPAÇO
[36]. Ver QUADRO anexo sobre o
TEMPO
[37]. A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La
Philosophie Critique - Tome I - La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure,
Paris, J. Vrin, 1969, p.163
[38]. J.
VUILLEMIN - L’Héritage Kantien et la Revolution Copernicienne - Fichte - Cohen -
Heidegger, Paris, PUF,
1954, p. 135
[39]. A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La
Philosophie Critique - Tome I - La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure,
Paris, J. Vrin, 1969, p. 156.
[40]. ibidem, p. 121
[41]. ibidem, p. 154 - CRPU (A94)
[42]. CRPU (B 197)
[43]. CRPU (B126)
[44]. CRPU (B126)
[45]. A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La Philosophie Critique - Tome I - La Philosophie Pré-critique et la Critique de
la Raison Pure, Paris, J. Vrin, 1969,
p. 167-168
[46]. ibidem, p.
167-168
[47]. CRPU (A114)
[48]. A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La Philosophie Critique - Tome I - La Philosophie Pré-critique et la Critique de
la Raison Pure, Paris, J.
Vrin, 1969, p. 310
[49]. CRPU (B218)
[50]A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La Philosophie Critique - Tome I - La Philosophie Pré-critique et la Critique de
la Raison Pure, Paris, J.
Vrin, 1969, , 197
[51]. Citação indireta do Kants Theorie der Erfahrung p.756-757,
também citado em J. VUILLEMIN - L’Héritage Kantien et la Revolution
Copernicienne - Fichte - Cohen -
Heidegger, Paris, PUF, 1954,, p. 201
[52]A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La Philosophie Critique - Tome I - La Philosophie Pré-critique et la Critique de
la Raison Pure, Paris, J.
Vrin, 1969, , p. 201; Cohen, 556, 620.
[53]. ibidem, p.201
[54]. ibidem, p.202
[55]. ibidem, p. 219
[56]. J. VUILLEMIN - L’Héritage Kantien et la
Revolution Copernicienne - Fichte
- Cohen - Heidegger, Paris, PUF, 1954, p.
195
[57]. A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La
Philosophie Critique - Tome I - La
Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure, Paris, J. Vrin,
1969, p. 111
[58]. ibidem, p. 113
[59]. ibidem, p. 258
[60]. ibidem, p. 336
[61]. LIMA VAZ, H. C. de, Ontologia
e História, São Paulo, Duas Cidades, 1968, p. 75
[62]. A. PHILONENKO - L’Œuvre de Kant - La
Philosophie Critique - Tome I - La Philosophie Pré-critique et la Critique de la Raison Pure,
Paris, J. Vrin, 1969, p. 107
[63]. ibidem, p. 107
[64]. ibidem, p. 107
[65]. ibidem, p. 232
[66]. Ver QUADRO anexo sobre a
DIALÉTICA TRANSCENDENTAL
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